terça-feira, 24 de abril de 2012

O tratamento dos documentos imagéticos a luz da Ciência da Informação

Quando falamos em documento arquivístico é necessário ter uma visão muito ampla sobre o assunto, observando que é um grande equívoco dizer que os documentos que compõe um acervo são somente aqueles no suporte papel. Pode-se destacar que as fitas magnéticas, fotos, mapas e imagens também são exemplos de tipos documentais presente em um acervo, mas é claro que o tratamento de cada tipo documental será diversificado, destacando que esses tipos nem sempre tem um tratamento específico, como seria necessário. O tratamento desses documentos de arquivo, independente do suporte, constitui tarefa árdua a ser executada pelos profissionais da informação. E em se tratando de documentos imagéticos, a situação se complica ainda mais. 

    Desprovidos de seu contexto de criação e sem os motivos de suas produções, os documentos imagéticos constituem um desafio para os profissionais da informação no que diz respeito ao tratamento do mesmo como documento de arquivo. A dificuldade está no fato de ter que analisa-lo sem possuir informações sobre em que período, por que motivo e quem criou o documento, já que geralmente esses fatores são deixados de lado, e na tendência de se valorizar a informação visual que o mesmo transmite como única fonte. Esse tipo de atitude pode gerar serias consequências como a perda do valor potencial do documento como prova e também de sua utilização potencial para seus diversos usuários.

Apontamos também que é errado dizer que a fotografia é uma técnica, desqualificando-a como espécie ou como suporte, pois devido à necessidade de diferenciar o meio físico digital a questão do suporte dos documentos fotográficos mudou. Na realidade uma foto passa a ser um metadado – uma imagem explicando outra imagem. LOPEZ, afirma que por falta de denominação o documento fotográfico é definido por uma técnica fotográfica associada ao gênero imagético como uma espécie documental e desse modo, toda informação contida na imagem – textos e números – já pertenceram a outro tipo de espécie.

Outra questão muito pertinente é a autenticidade da foto, pois quando a foto for tratada, como o profissional saberá que essa foto é autêntica? Será que essa imagem não foi reproduzida? Quem garante que a foto é original? Essas, dentre outras, questões são discussões que ainda não tem resposta e que a Diplomática e Tipologia Documental pode ajudar a elucidar.  

As fotografias não possuem uma classificação específica, não existe um plano de classificação juntamente com uma tabela de temporalidade que defina a classificação dos documentos imagéticos.

Na mesa redonda realizada no dia 13/04, com os alunos de mestrado e doutorado, realizado no auditório da FCI, foi possível visualizar essa dificuldade de tratamento quando se fala de fotografias. É necessário estabelecer séries tipológicas, associando as diferentes funções com “documento fotográfico” (LOPEZ, p.13).

    Também foi destacado, nessa apresentação, a utilização dos sistemas de informação, já que, os documentos imagéticos como documentos de arquivo recebem o tratamento voltado para a descrição do conteúdo presente na foto, ou a técnica utilizada, e isso não garante a preservação das características arquivísticas que o documento carrega. Isso acarreta uma dificuldade na busca pela informação, tendo em vista que é comum ser encontrado uma descrição do conteúdo que não corresponda com a real imagem que esta sendo ilustrada. 

    Os acervos imagéticos possuem duas características, apontadas por Laila em sua monografia. São elas: a reutilização da informação contida no documento, onde a informação disponível pode ser recuperada para a produção de outro documento independente de seu contexto de criação; a segunda função depende da relevância para o processo administrativo da empresa. As particularidades do documento imagéticos podem fazer com que um mesmo documento possua ambas as funções e devem ser organizados de acordo com técnicas arquivísticas e da biblioteconomia ao mesmo tempo.

    A informação de uma fotografia é a imagem transmitida pelo documento e isso não é prioridade para contrução dos métodos de analise na Arquivologia, também temos que entender que uma mesma imagem pode quando produzida, criar documentos distintos, como na foto abaixo, que para uma pessoa que foi ao evento Monange Dream Fashion Tour 2011 em Brasília representará para seu acervo uma lembrança da participação no evento, e no acervo do organizador do evento poderá ser utilizado de prova da organização e realização do evento na cidade.


   Para finalizar, encontramos no momento de pesquisa para realização desse texto, o artigo “Uma visão arquivística sobre os documentos fotográficos referentes ao Decanato de Ensino de Graduação presentes no acervo do Centro de Documentação da Universidade de Brasília” de André Porto Ancona Lopez, juntamento com Leandro de Melo Borges que aborda sobre as fotografias oriundas do Decanato de Ensino de Graduação (DEG), verificando a adequação do tratamento desse material às diretrizes teórico-metodologicas da Arquivologia. Onde foi observado que o sistema configura-se de maneira a privilegiar o conteúdo das imagens, ao contrario do que se espera de um arquivo, onde o contexto arquivístico deveria ser ponto primordial para a organização e descrição das fotografias. Com isso é possível perceber a dificuldade do tratamento das imagens até no decanato que estamos responsáveis por analisar na disciplina Diplomatica e Tipologia Documental.

Referências Bibliográficas

LOPEZ, A. Contextualización archivística de documentos fotográficos. Alexandrí@. Lima, vol. 5, num 8, 2011. pag 3-16.  Acesso por http://digifotoweb.blogspot.com.br/2012/02/contextualizacao-arquivistica-de.html

Artigo - Uma visão arquivística sobre os documentos fotográficos referentes ao Decanato de Ensino de Graduação presentes no acervo do Centro de Documentação da Universidade de Brasília. Disponível em <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CCUQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.brapci.ufpr.br%2Fdownload.php%3Fdd0%3D10339&ei=VtuWT_GTAdGugQfVtYiGDg&usg=AFQjCNFmLlnCEyxAVcVGuxO9QTPwtz6hOQ&sig2=Rxl57J8_pTT8O7V71EWWBg> Acesso em 22/04/2012.

Foto do evento – Monange Dream Fashion Tour 2011. Disponível em <http://www.buganet.com.br/index.php?limitstart=20> Acesso em 24/04/2012.

Vídeo de Laila. Disponível em <http://diplomaticaetipologia.blogspot.com.br/2012/04/video-da-laila.html> Acesso em 22/04/2012.

Um comentário: